sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013
A PEQUENEZ DUM POVO BOM
Pretende-se com este texto produzir uma auto-critica aos portugueses. Digo (auto) porque neles me incluo.
Esta é uma matéria certamente já estudada por muitos especialistas, embora com pontos de vista e nuances diferenciadas.
Parece haver poucas ou nenhumas dúvidas de que somos efectivamente um povo de mentalidade menor, atributo que se aplica a todas as escalas sociais. Basta circular pelas redes sociais, sobretudo em grupos de carácter local, para nos aperceber-mos desta característica portuguesa.
A um acontecimento de carácter nacional que, pela sua natureza abrange toda a sociedade, são poucos, às vezes nenhuns, aqueles que apresentam a sua opinião e a expõem. Quando surge um acontecimento de carácter pessoal ou local, do mais banal já visto, não faltam opiniões ou comentários, também eles banais, que enchem paginas inteiras.
Desconheço se a venda de jornais em Portugal é proporcional ao numero de habitantes e se essa taxa está longe, próxima ou igual à de outros países da UE. Ouve-se, quando em eventos relacionados com livros, que a venda destes é baixa. Por outro lado, quando olhamos as bancas dos quiosques e das papelarias, vemos uma vasta colecção das chamadas revistas "cor-de-rosa", que, pouco mais tratam do que da bisbilhotice da vida de pessoas, muitas delas ninguém sabe o que fazem na vida. Se estas revistas aparecem em enorme quantidade é porque há clientes para elas. Havendo também grandes bancadas de livros, mas, neste caso os clientes são menos e mais restritos. Já nem se fala nas lojas de telemóveis, essas quase sempre têm filas de clientes... Ao nível social mais elevado temos como exemplo ainda recente a exportação do nosso delicioso pastel de nata. Se atentar-mos nas diversas declarações do primeiro ministro, do ministro das finanças e de anteriores personalidades que desempenharam estas funções; de banqueiros e comentadores, também aqui encontramos muita pequenez. A pequenez da mentira constante para justificar aquilo que nem eles próprios acreditam, a pequenez de quem quer ocupar um lugar de grande destaque nacional sem ter a noção real da sua competência para tal. (Neste caso é aberrante, não só a forma ilusória, e atentatória dos valores humanos, das suas iniciativas políticas, tentando impo-las dissimuladamente aos cidadãos, como se fossem a coisa mais bela do mundo ou porque é uma opção "imprescindível" ao País.)
A pequenez dum banqueiro que se dá ao luxo de insultar com palavras um povo entorpecido e sacrificado, a pequenez dum banqueiro que, com ar ingénuo, diz que se esqueceu de pagar uns tantos milhões de euros em impostos às finanças publicas, a pequenez de muitos comentadores que debitam umas loas para uns consumirem e alguns aplaudirem em silencio...
É este o povo que somos, traídos, roubados, espoliados e insultados. Continuamos "alegremente" com nossos salários, pensões e outros direitos sociais cada vez mais pequeninos, e ao mesmo tempo continuando a engrandecer e transportar aos ombros, como burros de carga resignados, os nossos traidores, ladrões e espoliadores.
É este o povo que somos, sem cultura, logo, sem identidade, sem noção do "eu", daí, também a nossa pequenez.
(ao lerem este texto, haverá pessoas que, conscientemente não se revêem nele, outros porém, revêem-se mas não se assumirão. Pretende-se apenas contribuir para abrir as mentes mais adormecidas de modo a que elas próprias se questionem de qual o nosso papel neste mundo humanamente selvático, onde uns cavalgam o reino dos predadores e muitos se continuam obedientemente a pôr a "jeito"...)
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